Tabela Fipe: como funciona e o que analisar ao comprar ...
Assim como não se pode falar em química sem citar a tabela periódica, não é possível conversar sobre automóveis seminovos sem mencionar a tabela Fipe. Seja na hora de contratar o seguro veicular, na hora de vender ou comprar um veículo, ou mesmo na conversa de fim de semana com os amigos, você já ouviu falar dela.
Muitos a conhecem e poucos a entendem. E se você não quiser tomar prejuízo ao comprar um seminovo é melhor estar no time dos que entendem. Foi com esse objetivo que produzimos este texto.
Como funciona a tabela? De onde vêm os dados? Como ela vai ajudar você na hora de adquirir um carro usado? Antes da compra, o que é mais importante a ser analisado? Ficou curioso para descobrir as respostas dessas perguntas? Então, continue a leitura até o final do conteúdo e domine o assunto!
Como funciona a tabela Fipe?
A tabela Fipe funciona com atualizações mensais e apresenta a média de valores de carros, motos, caminhões e micro-ônibus. São levados em consideração apenas o modelo do veículo, a marca e o ano de modelo. Os preços são baseados no valor efetivo da venda, e não no anúncio.
Você pode consultar a tabela via internet, de forma bem simples. Para consultá-la e visualizar o preço médio de carros, motos e caminhões, acesse o site e clique no ícone “índices e indicadores”. Logo após, é hora de escolher a opção “preço médio de veículos”.
Na página seguinte, é necessário selecionar a referência na tabela — isto é, o mês e o ano que servirão como parâmetro para a sua consulta. A partir daí, indique a marca, o modelo e o ano do carro. Após esses procedimentos, você vai obter o preço base.
Como a tabela é construída?
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) coleta a cada mês os valores da venda de veículos. Entre os dados, são excluídos os valores que estiverem muito acima ou abaixo da média, visto que podem ser resultado de negociações incomuns. Também não é levado em conta a cor do veículo, a presença de acessórios e outros fatores.
Vale lembrar que o ano de fabricação não é levado em consideração, mas, sim, o ano do modelo. Entre os carros envolvidos na pesquisa são excluídos táxis, viaturas, veículos de frota e outros que não se enquadrem no uso comum.
De onde vêm as informações da tabela Fipe?
As pesquisas provêm de 24 estados brasileiros. E visto que nas diversas regiões do país a precificação varia bastante, a tabela Fipe não deve ser usada de forma arbitrária.
Ela atua, então, apenas como um referencial. Além de ser usada na compra e venda de veículos, ela também aparece para determinar o valor de automóveis em seguradoras e para definir o valor do IPVA.
Além disso, alguns quesitos, como preços fora da realidade do mercado nacional, a falta de disponibilidade da tabela em algumas regiões específicas do país e o custo alto para estipular valores mais detalhados, podem impedir a precisão total dos preços praticados.
No entanto, a tabela segue como o conjunto de índices mais seguros para mensurar valores de forma adequada. Não à toa, ela é utilizada desde 1973 para ajudar tanto compradores quanto vendedores de automóveis.
O que deve ser analisado na hora de comprar um seminovo?
É muito importante consultar a tabela Fipe para ter uma noção do preço do veículo. Além disso, é essencial que você já tenha definido quais são suas necessidades. E, quando encontrar um modelo atraente, verifique o estado de conservação, a documentação, o valor de revenda e o preço das manutenções.
Parece ser muita coisa a considerar — e, na verdade, é. Mas é justamente por não dar atenção a tudo isso que muitas pessoas acabam se tornando vítimas de golpes ou, no mínimo, perdem uma boa grana. É importante saber como cada um dos aspectos vão ajudar você a fazer um excelente negócio.
Confira, a seguir, alguns pontos que devem ser analisados ao comprar um seminovo.
As suas necessidades
Talvez isso seja o mais importante a ser ponderado. Afinal, se um carro tiver um valor elevado, mas for o ideal para a sua situação, pode-se dizer que o seu capital foi bem empregado.
Por outro lado, se o carro for um modelo popular, mas não oferecer o que você precisa, a "economia" é em vão. Seria o mesmo que comprar um sapato apertado só porque ele está com um bom preço.
Então, antes de sair procurando por veículos na internet ou em lojas de seminovos, estabeleça o que o seu futuro carro precisa ter. Veja alguns itens para você decidir:
- câmbio manual ou automático;
- quantidade de lugares;
- categoria do carro: hatch, SUV, minivan, pick-up, sedan;
- piloto automático;
- motorização;
- tamanho do porta-malas.
O estado de conservação
Quando falamos em comprar determinado carro usado ou seminovo, geralmente a primeira pergunta feita é sobre a quilometragem. E isso faz todo sentido porque ela está intimamente relacionada com o grau de conservação do veículo. Ao olhar no interior, examine bem a situação do painel, do volante, dos carpetes, dos estofados, entre outros itens.
Na parte externa, é essencial verificar a situação da pintura. Porém, mesmo que ela não apresente nenhum sinal de corrosão, a parte de baixo do veículo pode estar comprometida. Por isso, é importante colocar o carro em uma rampa para ver se está tudo bem.
Muitos outros detalhes merecem atenção, e ainda há o perigo da quilometragem ter sido adulterada. É importante estar preparado se quiser descobrir como se livrar desse golpe.
A documentação
Imagine a seguinte situação: você acaba de encontrar o possante que tanto queria, sem nenhum arranhão na pintura, com o interior bem conservado e, melhor ainda, com o preço bem abaixo da tabela Fipe. Só falta assinar os papéis e sair dirigindo, não é mesmo? Nesse momento de entusiasmo, muitos se esquecem de verificar a documentação.
O que parecia ser uma boa compra pode resultar em sérios problemas. A documentação pode estar atrasada e pode haver multas pendentes. Para investigar a situação, entre no site do Detran do estado do carro e realize uma busca usando os dados da placa e o número do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam).
O valor de revenda
Aí está outra utilidade da tabela Fipe. Se a sua intenção não for ficar com o automóvel por muito tempo, é bom saber qual é a taxa de depreciação a cada ano. Em geral, carros populares desvalorizam menos e modelos importados ou que já saíram de linha sofrem maior perda. Falaremos mais sobre isso adiante.
As despesas com manutenção
Para encontrar boas informações sobre esse ponto, nada melhor do que contar com um mecânico de confiança ou um amigo que já tem o mesmo carro. Alguns modelos apresentam defeitos recorrentes, peças de reposição escassas e baixa aceitação no mercado. Fique de olho!
As despesas agregadas
Além de gastos com combustível e troca de óleo, outras despesas estão envolvidas, como o seguro e o IPVA. Tendo isso em vista, é bom consultar esses valores com antecedência. A Secretaria da Fazenda do Pará disponibiliza uma ferramenta de consulta do IPVA. Embora cada estado tenha uma alíquota de cobrança diferente, ter uma noção do valor já será de ajuda.
Como a depreciação se relaciona à tabela?
Como a tabela oferece um valor de referência de acordo com diversos modelos e anos de fabricação, grande parte das pessoas a utiliza na hora de comprar e revender os seus veículos.
Os valores praticados também dizem respeito ao nível de depreciação adquirido por um veículo no passar dos anos. Podemos conceituá-la como a queda nos preços dos automóveis em decorrência da oscilação econômica, desgastes ocasionados pelo uso e o próprio tempo de circulação daquele carro.
Caso você tenha um automóvel há mais de dez anos, o preço médio que você poderá estabelecer em uma negociação deve levar em conta a depreciação proporcional ocorrida nessa década.
É importante lembrar que o conceito não se aplica somente aos seminovos: um carro zero já começa a perder valor logo quando sai da concessionária.
Cálculo da depreciação
Vamos supor que estamos querendo estabelecer a depreciação de um automóvel após 5 anos de utilização. Nesse caso, devemos dividir o valor atual por 5 — desse modo, será possível determinar com mais precisão o quando o carro passa a valer após cada ano de utilização. Após esse cálculo inicial, divida o resultado que encontrou por 12, número relacionado a todos os meses do ano.
Agora, vamos imaginar que você tenha economizado bastante e adquirido um veículo zero, desembolsando R$60.000,00. Quando você divide esse preço por 5, obtemos um resultado de R$12.000,00 — ou seja, R$12.000,00 de depreciação a cada ano.
Logo após, ao dividir R$12.000,00 por 12, temos R$1.000,00. Desse modo, um automóvel adquirido pelo preço de R$60.000,00 perderá R$1.000,00 desse valor inicial a cada mês. Porém, essa simulação é uma referência aproximada. Todo esse cálculo depende das condições gerais do veículo, que pode garantir, no final das contas, preços menores ou maiores.
Além disso, fatores como documentação atrasada e o estado atual das partes mecânica e elétrica, além das condições gerais da lataria, são capazes de alterar o final. Tenha sempre essas informações em mãos para adquirir um seminovo no melhor estado possível, ainda mais se a intenção é revendê-lo futuramente.
Uma dica é priorizar automóveis que não apresentem indícios de corrosão, evidências de muitos consertos e amassados. Se o carro ainda contar com um número reduzido de quilômetros rodados, a tendência é que o preço se eleve ainda mais em relação a veículos em condições similares.
Carros mais resistentes à depreciação
Os carros importados, de modo geral, sofrem com depreciação rápida. A boa notícia é que os nacionais, mais baratos em média, tendem a manter o seu valor por mais tempo. Isso se explica pelo fato de que a própria manutenção dos veículos de fora é mais cara.
Quando falamos dos seminovos, a desvalorização do bem é menor caso a quilometragem ainda seja baixa e o veículo esteja bem conservado.
É importante notar que os seminovos são os veículos rodados por, no máximo, dois anos. Após esse período, eles passam a ser efetivamente classificados pelo mercado como carros usados.
Além disso, SUVs e caminhonetes sofrem uma depreciação mais rápida em relação aos veículos normais, por conta das suas características específicas. Isso porque eles atendem um público menor, que mal chega a 10% dos consumidores no mercado nacional.
A única circunstância na qual um veículo se torna mais valioso com o tempo é no caso de carros de colecionadores, principalmente aqueles que são mantidos em boas condições. Assim, é comum encontrar automóveis caríssimos dos anos 1960, como alguns modelos da Chevrolet.
Como é possível fazer com que o veículo tenha um valor diferenciado na tabela?
Como mencionamos, carros mais bem cuidados acabam sofrendo menos com a desvalorização. Algumas dicas são valiosas na hora de adquirir um seminovo de alto nível. A primeira delas é: preste atenção à cor.
Essa não é uma mera questão estética. Carros nas cores verde e preta têm liderado o ranking das cores que mais desvalorizam um veículo, por exemplo. Inclusive, automóveis em tonalidades mais escuras costumam esquentar em demasia em um país tropical como o nosso, além de destacar os possíveis riscos na lataria.
A localização geográfica na qual o automóvel mais rodou também constitui um fator importante na hora de mensurar a valorização. Os veículos vendidos nas principais capitais do país operam com valores maiores em relação àqueles comercializados no interior. Em uma capital importante como São Paulo, para citar um exemplo comum, essa diferença é ainda mais significativa.
Para finalizar, o ano de fabricação é outro fator relevante — talvez o principal deles. Na maioria dos casos, quanto mais novo e bem conservado o veículo, maior é o seu preço. A exceção é aquele veículo mais procurado por colecionadores, como esclarecemos anteriormente.
Como pudemos ver neste post, a tabela Fipe é uma ferramenta valiosa na hora de buscar referências em relação aos preços dos veículos no país. Para acertar na compra do seu seminovo, não hesite em consultar a tabela e utilizar as informações que trouxemos neste artigo. Afinal, todo cuidado é pouco, não é mesmo?
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